Uma Noite na Taberna

Published by C. F. da Silva™ under , on 18:58

-Dei-me mais um copo por favor.
-Não, você já bebeu demais.
-Comparado ao que eu passara bebi foi pouco.
-Então me digas o que passara?
-Levaria uma vida inteira para contar e outra para sua compreensão.
-São apenas 19 horas, pode começar.
-Contarei, mas me dê outro copo.
-Está bem, mas conte-me tudo.

Houve uma pausa, o sujeito bebeu com uma cara não muito boa aquele líquido que aparentava estar armazenado a séculos e então limpou a boca com a manga da camisa rasgada e suja e com olhar compenetrado mirou o balconista e começou a falar.

-Desta Terra Média, para você, o que há de mais terrível e assustador?
-Hum, dragões?
-Hahahahaha! Dragões são fichinha perto do que eu enfrentara.
-E o que enfrentara? Aposto que fadinhas verdes - ironizou o balconista desacreditando daquele estranho maltrapilho.
-O mais valente e poderoso herói enlouqueceria diante de minha tarefa. - rispidamente com tom de irritação e demonstração de que estava falando sério o estranho continuou.
-Mas esta é uma história muito longa, demoraria muito para contar.
-São apenas 20 horas continue.
-Tudo bem, mas me dê mais um copo.

O balconista dera afinal estava curioso para saber quais segredos podia guardar aquele forasteiro.

-Sou um viajante solitário, um bardo andarilho sem rumo, sem destino. Não há um pedacinho se quer da Terra Média que eu não conheça.
-Instigante, continue.
-Há muito estava eu, em minha cidadezinha natal, eu era um rapaz jovem e bonito, muito diferente do que sou hoje. - o forasteiro se pôs cabisbaixo silencioso e após refletir por alguns segundos indagou:
_Dei me mais um copo.
-Não achas que bebera demais???
-Não bebera nada mediante o que eu passara.
-Tudo bem eu lhe dou mais um copo, contanto que continue a história.
-Minha história é tão grande quanto o maior dos livros possa ser. Demoraria muito para contar.
-São apenas 21 horas, conte logo ou não lhe darei mais nenhum copo.
-Tudo bem, onde eu parara??A sim, recordo-me; era uma manhã de primavera, os pássaros campestres reuniam-se envolta da lagoa onde havia vários comedouros impreguinados por um senhor cujo não vem ao caso.
-Por quê não vem a caso?? Que senhor??
_Eu disse que não vem ao caso. - o voltou os olhos com rispidez nas palavras mirando o balconista e prosseguiu- as flores enfeitavam as ruelas com suas pétalas coloridas cujas repousavam ao chão. Eu caminhava errante como de costume até que algo terrível surgira de ante de meus olhos.
-Um orc da montanha??

Apenas balançou a cabeça negativamente o forasteiro.

-Um ciclope gigante??

Novamente o forasteiro apenas balançara a cabeça negativamente.

-Puxa vida o que pode ser tão terrível?
-Tratava-se de um contador de histórias.
-O que?? Um contador de histórias?? O que poderia haver de tão terrível em um contador de histórias??
-Esta é uma história longuíssima, gastaria muito tempo para contar.
-Não há problema, são apenas 23 horas, continue, continue- pediu o balconista com grande interesse.
_Tudo bem, continuarei, mas primeiro dê-me um copo de rum, e dessa vez que seja mesmo rum e não esta água de lavar copos cuja tens me dado.

Sem graça o balconista servira o forasteiro com seu melhor rum.

-O contador estava rodeado de crianças e jovens como eu, rapidamente me convidara para juntar me a eles.
-E você?? Aceitara??
-Ingenuamente sim, e logo ele começou a contar suas epopeias, batalhas e escurções , missões e grandes feitos de nossos antepassados, cada uma mais surpreendente que a outra.
-Hum, compreendo, todavia não vejo o que poderia haver de tão terrível nisso.
-Vendo sua forma de falar, prendermos à sua história me fez viajar até o mundo imaginário o qual ele nos propunha, o que me estimulou a seguir o mesmo rumo.
-Mas isso é uma longa história. - o forasteiro se ergueu da cadeira despejando algumas moedas de ouro sobre o balcão.
-Espere, você não me contara qual fora sua tarefa impossível de ser realizada, qual era seu inimigo.
_Ao tornar-me um contador de histórias andarilho perdi a única coisa irrecuperável. O tempo que eu perdera viajando e deixando de desfrutar das maravilhas cujas existem neste mundo nunca mais recuperarei; vou indo-me afinal não é apenas 0 horas, já a é.

C. F. da Silva


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